Grupo Comemora com Espetáculo Ladeira das Crianças – Teatro-Funk

Comemorando 10 anos de atividades, o Grupo Rosas Periféricas, atuante no Parque São Rafael, zona leste paulistana, apresenta seu novo espetáculo, Ladeira das Crianças – TeatroFunk, até o dia 18 de maio.

A montagem tem criação e direção coletiva do grupo com dramaturgia de Marcelo Romagnoli, a partir da adaptação dos livros O Pote Mágico e Amanhecer Esmeralda, do paulistano Ferréz (autor renomado de literatura marginal).
thumbnail_ladeira-das-criancas-rosasperifericas-foto-de-daniela-cordeiro-1Iniciadas no dia 20 de abril, as apresentações ocorrem na Praça Osvaldo Luiz da Silveira (Parque São Rafael), na Casa de Cultura Municipal São Rafael e no Parque Santo Dias (Capão Redondo). Esta realização é uma parceria com o VAI II, Programa de Valorização de Iniciativas Culturais, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Encenada ao ar livre, a peça reflete sobre a identidade das crianças da periferia e sobre os bens culturais do território, acessados na fase infanto juvenil.

Histórias de vida dos atores e expectativas das crianças da região permeiam as histórias, que são costuradas por elementos do funk – como a dança, mais especificamente o passinho, a música, o ritmo e as rimas.
O trabalho é inédito também quanto à abordagem lúdica do funk em uma produção para crianças e jovens.

Em Ladeira das Crianças – TeatroFunk o universo das crianças periféricas ganha a cena. Seus desejos e sonhos são embalados pelo ritmo do funk.

No bonde da ladeira tem de tudo: menino que sonha em ser DJ, garoto curioso para saber o que há dentro de um pote mágico, menina de cabelo de nuvem e garota que vive no mundo da lua. A peça retrata todas as pessoas que foram criança um dia e moraram na periferia.

Esta é mais uma investida do Rosas Periféricas na construção de uma narrativa ficcional documental, pesquisa e prática teatral desenvolvida pelo grupo, desde 2014.

Além de memórias do grupo e objetos pessoais em cena, os atores foram ao encontro das crianças que moram na região em busca de material para as narrativas, promovendo encontros regados a músicas, cantigas e brincadeiras, além de improvisações cênicas.

E Ladeira das Crianças usa o funk como linguagem para ressaltar uma identidade nascida para a simples diversão.

Os atores explicam que, percebendo a força dessa manifestação no cotidiano do público infantojuvenil da periferia, a aposta foi aproximar o teatro (arte que não é muito popular na periferia) da popularidade do funk.

Os elementos dessa cultura (dança, música e rimas) foram os artifícios usados para costurar as histórias e criar uma identidade com o público alvo da montagem. Para tanto, os atores fizeram diversas atividades preparatórias como aulas de passinho, workshop sobre a história do funk e oficinas de rima e beat.

“Nossa ideia foi trabalhar o ‘teatro-funk’ com toda a expressividade que a cultura funk tem na vida e no lazer dos jovens e crianças da periferia”, comentam.

A inspiração veio também de trabalhos bem sucedidos de outros grupos que unem o teatro com uma vertente musical, como é o caso do ‘teatro hip-hop’, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, e do ‘teatro-baile, da Cia. Teatro da Investigação.

“Queremos explorar essa estética e acreditamos na aproximação entre o teatro e o funk. Teatro-funk parece brincadeira, mas é uma brincadeira necessária”, concluem os integrantes do Rosas Periféricas.

O enredo
Do livro O Pote Mágico a montagem Ladeira das Crianças – TeatroFunk traz um menino da periferia de São Paulo que imagina a possibilidade de encontrar um pote mágico que transformaria sua vida. De Amanhecer Esmeralda vem a história de Manhã, uma menina pobre e sonhadora que, ao ganhar um presente especial, passa a ter uma diferente percepção do mundo e de si mesma.

O enredo se passa em uma ladeira, que o grupo chama de “ladeira da alegria”, onde a garotada se encontra, brinca e se diverte; onde tudo acontece; onde sonhos e desejos são revelados. Além dos livros adaptados dramaturgicamente, a peça é recheada de memórias pessoais dos integrantes do grupo, recolhidas no processo criativo, que se entrelaçam com narrativas das crianças que vivem nas bordas da cidade.

O funk
A cultura funk é reconhecida por lei, no Rio de Janeiro, sendo a manifestação considerada patrimônio cultural, desde 2009. O ritmo já foi criminalizado e os bailes chegaram a ser proibidos em alguns locais. Os adeptos, porém, defendem que o funk retrata a realidade da periferia, com suas qualidades e seus defeitos, e ressaltam o preconceito da elite com essa manifestação que foi idealizada e é vivenciada, principalmente, por negros e por pobres.
Ficha técnica
Texto: Grupo Rosas Periféricas – livremente inspirado nos livros Amanhecer Esmeralda e O Pote Mágico de Ferréz. Dramaturgia: Marcelo Romagnoli. Direção: O Grupo. Elenco: Gabriela Cerqueira, Michele Araújo, Paulo Reis, Monica Soares e Rogério Nascimento.

Serviço
Espetáculo: Ladeira das Crianças – TeatroFunk
50 minutos. Livre. Teatro de rua infantojuvenil
Entrada grátis.
Informações: (11) 97983 4902 e (11) 995159-5918
https://rosasperifericas.wixsite.com/rosasperifericas
Apresentações / maio
Dias 2, 3 e 9 de maio. Quinta, sexta e quinta, às 16h30
Local: Casa de Cultura Municipal São Rafael
Rua Quaresma Delgado, 354 – Parque São Rafael, São Mateus/SP.

Dias 4, 10 e 11 de maio. Sábado, sexta e sábado, às 17h
Local: Praça Osvaldo Luiz da Silveira. Parque São Rafael, São Mateus/SP.

Dias 17 e 18 de maio. Sexta e Sábado, às 15h
Local: Parque Santo Dias
Rua Arroio das Caneleiras, 650 – Conj. Hab. Instituto Adventista – Capão Redondo/SP.
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