Monólogo tem Direção de Dionísio Neto
Em sua terceira incursão pela direção de um clássico da Literatura Universal, após os sucessos de “A casa de Bernarda Alba” (2004), de F.G. Lorca e “Carta ao pai” (2017), de F. Kafka, Dionisio Neto dirige o texto pilar do romantismo alemão, adaptado para o teatro, em uma roupagem contemporânea.
Por se tratar de um sentimento universal – o amor, neste caso rejeitado, que move nosso protagonista em meio a suas esperanças frustradas, angústias, em contraste com o ardente deseja extremamente romântico pela inatingível Carlota.
Em uma analogia com artistas modernos e contemporâneos (Ian Curtis, Cazuza, Amy Winehouse, Chris Cornell, Kurt Cobain, Jimmy Hendrix, Jim Morrison, Jean Michel Basquiat, Chorão, entre outros), que tiveram suas vidas interrompidas no auge da juventude, assim como nosso Werther, o espetáculo mergulha nas profundezas escuras da alma atormentadas do pintor paralisadas pela idealização da amada, comprometida com o advogado Alberto.
Para extravasar sua dor, o artista escreve cartas do seu melhor amigo – Willem, contando suas desventuras e percalços amargurados pelos labirintos mais recônditos de sua existência. Antagonicamente, a exuberante natureza que o cerca, visto que se isolou em meio ao campo para pintar, sem conseguir, contrasta com sua dor desesperadora e insuportável.
Imerso em drogas e desilusão, Werther, com seu coração dilacerado, aconselhado indiretamente pelo seu maior inimigo, Alberto, resolve por um trágico fim à sua vida, bem como os artistas que nos inspiraram a navegar pelos mares sombrios da alma humana.
O texto clássico do romantismo alemão, cheio de razão e emoção, destila poesia e beleza aos nossos olhos e ouvidos. Sofremos e amamos juntos com ele. Sua vida espelha a nossa, e a catarse expurga o mal de nossas vidas.
Extremamente atual do começo ao fim, o espetáculo expõe um tema caro à nossa sociedade contemporânea: o suicídio – a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Com sensibilidade extrema, o ator Adriano Arbol encarna tanto o pintor Werther, quanto sua amada Carlota e seu rival Alberto, com mudanças físicas e vocais na construção das suas personagens.
O diretor segue o método de Stanislawsky para a construção das personagens, buscando o realismo máximo, guiando o ator à vivência profunda das ações propostas pelo autor. A cenografia, também realista, constrói o espaço de um ateliê contemporâneo, com um cavalete de pintura, tela, uma mesa, um tapete, uma vitrola portátil dos anos 1950 e objetos cênicos essenciais à narrativa.
O figurino segue as cores propostas pelo autor: calça amarela, colete e blazer azul, em um tom contemporâneo. A cartela de cores é inspirada em Mondrian, com cores primárias: vermelho, amarelo e azul. A iluminação utiliza-se das cores azul, vermelho, amarelo e verde, inspirada em shows de rock.
A trilha sonora é composta por rocks de cantores suicidas: Atmosphere – Joy Division All Apologies – Nirvana Back to black – Amy Winehouse Strange days – The Doors Black days – Soundgarden Love will tear us apart again – Joy Division Baby – Janes Joplin “Os sofrimentos do jovem Werther” é um espetáculo que navega da sutil sensibilidade à força violenta da catarse dramática.
SERVIÇOS
“Os sofrimentos do jovem Werther”,
De Johann Wolfgang von Goethe.
Direção: Dionisio Neto
Com: Adriano Arbol
Ensaio aberto.
Sinopse: Em uma choupana no campo, o jovem pintor Werther escreve cartas para seu melhor amigo contando sobre os sofrimentos de um amor não correspondido por Carlota.
Trilha sonora, figurinos, cenografia, cabelo, maquiagem e adereços: Companhia Satélite.
Desenho e criação de luz: Roberto Herreira Bueno
Uma produção: Dionísio Neto para Companhia Satélite
Dia: 14 de Março | horas: 20h |Duração: 50 minutos
Endereço: Rua Barão de Jaceguai,875 | Metrô Campo Belo | Classificação indicativa: 18 anos | R$ 20,00
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