Grupo Comemora com Espetáculo Ladeira das Crianças – Teatro-Funk
Comemorando 10 anos de atividades, o Grupo Rosas Periféricas, atuante no Parque São Rafael, zona leste paulistana, apresenta seu novo espetáculo, Ladeira das Crianças – TeatroFunk, até o dia 18 de maio.
A montagem tem criação e direção coletiva do grupo com dramaturgia de Marcelo Romagnoli, a partir da adaptação dos livros O Pote Mágico e Amanhecer Esmeralda, do paulistano Ferréz (autor renomado de literatura marginal).
Iniciadas no dia 20 de abril, as apresentações ocorrem na Praça Osvaldo Luiz da Silveira (Parque São Rafael), na Casa de Cultura Municipal São Rafael e no Parque Santo Dias (Capão Redondo). Esta realização é uma parceria com o VAI II, Programa de Valorização de Iniciativas Culturais, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
Encenada ao ar livre, a peça reflete sobre a identidade das crianças da periferia e sobre os bens culturais do território, acessados na fase infanto juvenil.
Histórias de vida dos atores e expectativas das crianças da região permeiam as histórias, que são costuradas por elementos do funk – como a dança, mais especificamente o passinho, a música, o ritmo e as rimas.
O trabalho é inédito também quanto à abordagem lúdica do funk em uma produção para crianças e jovens.
Em Ladeira das Crianças – TeatroFunk o universo das crianças periféricas ganha a cena. Seus desejos e sonhos são embalados pelo ritmo do funk.
No bonde da ladeira tem de tudo: menino que sonha em ser DJ, garoto curioso para saber o que há dentro de um pote mágico, menina de cabelo de nuvem e garota que vive no mundo da lua. A peça retrata todas as pessoas que foram criança um dia e moraram na periferia.
Esta é mais uma investida do Rosas Periféricas na construção de uma narrativa ficcional documental, pesquisa e prática teatral desenvolvida pelo grupo, desde 2014.
Além de memórias do grupo e objetos pessoais em cena, os atores foram ao encontro das crianças que moram na região em busca de material para as narrativas, promovendo encontros regados a músicas, cantigas e brincadeiras, além de improvisações cênicas.
E Ladeira das Crianças usa o funk como linguagem para ressaltar uma identidade nascida para a simples diversão.
Os atores explicam que, percebendo a força dessa manifestação no cotidiano do público infantojuvenil da periferia, a aposta foi aproximar o teatro (arte que não é muito popular na periferia) da popularidade do funk.
Os elementos dessa cultura (dança, música e rimas) foram os artifícios usados para costurar as histórias e criar uma identidade com o público alvo da montagem. Para tanto, os atores fizeram diversas atividades preparatórias como aulas de passinho, workshop sobre a história do funk e oficinas de rima e beat.
“Nossa ideia foi trabalhar o ‘teatro-funk’ com toda a expressividade que a cultura funk tem na vida e no lazer dos jovens e crianças da periferia”, comentam.
A inspiração veio também de trabalhos bem sucedidos de outros grupos que unem o teatro com uma vertente musical, como é o caso do ‘teatro hip-hop’, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, e do ‘teatro-baile, da Cia. Teatro da Investigação.
“Queremos explorar essa estética e acreditamos na aproximação entre o teatro e o funk. Teatro-funk parece brincadeira, mas é uma brincadeira necessária”, concluem os integrantes do Rosas Periféricas.
O enredo
Do livro O Pote Mágico a montagem Ladeira das Crianças – TeatroFunk traz um menino da periferia de São Paulo que imagina a possibilidade de encontrar um pote mágico que transformaria sua vida. De Amanhecer Esmeralda vem a história de Manhã, uma menina pobre e sonhadora que, ao ganhar um presente especial, passa a ter uma diferente percepção do mundo e de si mesma.
O enredo se passa em uma ladeira, que o grupo chama de “ladeira da alegria”, onde a garotada se encontra, brinca e se diverte; onde tudo acontece; onde sonhos e desejos são revelados. Além dos livros adaptados dramaturgicamente, a peça é recheada de memórias pessoais dos integrantes do grupo, recolhidas no processo criativo, que se entrelaçam com narrativas das crianças que vivem nas bordas da cidade.
O funk
A cultura funk é reconhecida por lei, no Rio de Janeiro, sendo a manifestação considerada patrimônio cultural, desde 2009. O ritmo já foi criminalizado e os bailes chegaram a ser proibidos em alguns locais. Os adeptos, porém, defendem que o funk retrata a realidade da periferia, com suas qualidades e seus defeitos, e ressaltam o preconceito da elite com essa manifestação que foi idealizada e é vivenciada, principalmente, por negros e por pobres.
Ficha técnica
Texto: Grupo Rosas Periféricas – livremente inspirado nos livros Amanhecer Esmeralda e O Pote Mágico de Ferréz. Dramaturgia: Marcelo Romagnoli. Direção: O Grupo. Elenco: Gabriela Cerqueira, Michele Araújo, Paulo Reis, Monica Soares e Rogério Nascimento.
Serviço
Espetáculo: Ladeira das Crianças – TeatroFunk
50 minutos. Livre. Teatro de rua infantojuvenil
Entrada grátis.
Informações: (11) 97983 4902 e (11) 995159-5918
https://rosasperifericas.wixsite.com/rosasperifericas
Apresentações / maio
Dias 2, 3 e 9 de maio. Quinta, sexta e quinta, às 16h30
Local: Casa de Cultura Municipal São Rafael
Rua Quaresma Delgado, 354 – Parque São Rafael, São Mateus/SP.
Dias 4, 10 e 11 de maio. Sábado, sexta e sábado, às 17h
Local: Praça Osvaldo Luiz da Silveira. Parque São Rafael, São Mateus/SP.
Dias 17 e 18 de maio. Sexta e Sábado, às 15h
Local: Parque Santo Dias
Rua Arroio das Caneleiras, 650 – Conj. Hab. Instituto Adventista – Capão Redondo/SP.
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