Trabalhos que simbolizam a Resistência dos Povos Indígenas

Em abril – o mês do Índio -, dois trabalhos que refletem sobre questões e dinâmicas indígenas: no primeiro, “Tiro”, Flaviana Benjamim propõe uma ação em resposta aos massacres indígenas, que tornam o ato de matar um gesto compulsório e sem precedentes na Lei; no segundo, “Cantos da Alegria e o Povo Parrir”, o Grupo Sabuká Kariri Xocó e Priscila Jácomo apresentam o Toré, principal manifestação de canto e dança dos Kariri Xocó, povo indígena que vive em Porto Real do Colégio, na beira do Rio São Francisco, no Alagoas.

Em seguida, acontece um bate-papo com o grupo sobre seus modos de vida, conhecimentos e lutas.

Em “Tiro”, Flaviana Benjamim convida o público para uma ação simbólica de atirar e atingir partes do corpo da artista. A partir da interferência do outro, o corpo deixa o repouso e tensiona relações de responsabilização. A performance nasceu após diversos massacres envolvendo indígenas no Brasil, principalmente o do Vale do Javali, no oeste do Amazonas, em setembro de 2017, onde 18 indígenas foram assassinados.

O trabalho questiona o silenciamento da população e a falta de ações legais, que fazem dos agressores pessoas livres perante a Lei.

Ao som da maraca, tocada de acordo com os batimentos do coração, de modo a respeitar e seguir os ritmos da vida, o Grupo Sabuká Kariri Xocó e Priscila Jácomo, regidos por Pawanã Crody, fazem, em “Cantos da Alegria e o Povo Parrir”, uma dança sagrada para harmonizar o espírito coletivo.

Ao final, o público é convidado a participar. O canto, a dança e a alegria têm sido ‘armas de resistência’ e fortalecido as lutas desse povo em defesa do seu território e de sua cultura, desde meados de 1700, quando tiveram os primeiros contatos com os colonizadores.

Proposta pela Cia Fragmento de Dança, a Terça Aberta no Kasulo acolhe trabalhos de dança, teatro e performance, inéditos, já estreados ou ainda em processo, em meio a um bom papo entre os artistas, com a participação do público e mediação das curadoras Vanessa Macedo, bailarina e diretora da Cia Fragmento de Dança, e Janaina Leite, atriz do Grupo XIX de Teatro.

Durante todo o evento, comidinhas são preparadas pelos integrantes da Cia Fragmento de Dança e vendidas no bar do Kasulo – Espaço de Cultura e Arte, sede da Cia.
dsc_8555Sobre a TRIBO:
Os Kariri-Xocó estão localizados na região do baixo São Francisco, no município alagoano de Porto Real do Colégio, cuja sede fica em frente à cidade Sergipana de Propriá.

Representam, na realidade, o que resta da fusão de vários grupos tribais depois de séculos de aldeamento e catequese. Seu cotidiano é muito semelhante ao das populações rurais de baixa renda que vendem sua força de trabalho nas diferentes atividades agro-pecuárias da região.

Contudo, pode-se dizer que é um grupo que tem sua indianidade preservada pela manutenção do ritual do Ouricuri (ritual religioso secreto).

A denominação Kariri-Xocó foi adotada como conseqüência da mais recente fusão, ocorrida há cerca de 100 anos entre os Kariri de Porto Real de Colégio e parte dos Xocó da ilha fluvial sergipana de São Pedro.

Estes, quando foram extintas as aldeias indígenas pela política fundiária do Império, tiveram suas terras aforadas e invadidas, indo buscar refúgio junto aos Kariri da outra margem do rio.
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Com entrada gratuita, a ação integra o projeto “Dança Depoimento em contágio”, contemplado pelo 24º edital do Programa de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo.
Serviço
Terça Aberta no Kasulo, proposta da Cia Fragmento de Dança.
Dia 2/4, terça-feira, às 20h.
Com: “Tiro”, Flaviana Benjamim”, e “Cantos da Alegria e o Povo Parrir”, com Grupo Sabuká Kariri Xocó e Priscila Jácomo
Kasulo – Espaço de Cultura e Arte
(Rua Souza Lima, 300, Barra Funda, Metrô Marechal Deodoro – Linha Vermelha – Tel: 11 3666 7238).
Capacidade: 40 lugares
Ingressos: Grátis (retirada a partir das 19h até 19h40;
Duração: 60 minutos + bate-papo
Classificação Indicativa: livre