Cátedra Olavo Setúbal promove encontro sobre a cena teatral das periferias brasileiras
A cena teatral das periferias do Brasil será tema do terceiro encontro do ciclo Centralidades Periféricas, organizado pela Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, uma parceria entre o IEA e o Itaú Cultural.
No dia 22 de outubro, às 14h, no IEA, representantes de quatro coletivos teatrais de São Paulo, Bahia e Rio Grande do Norte, além de uma pesquisadora da área, discutirão o papel desta expressão artística nos grandes centros urbanos. A mediação será de Eliana Sousa Silva, titular da cátedra em 2018.
A Participação requer Inscrição (Acesse…AQUI)
A participação presencial requer inscrição. Haverá transmissão ao vivo pelo site do IEA, para a qual não é necessário se inscrever.
Os expositores serão os atores Cell Dantas, do Bando de Teatro Olodum, Bahia; Edson Paulo, do Buraco d’Oráculo, São Paulo; Fernando Yamamoto, do Clowns de Shakespeare, Rio Grande do Norte; Adriano Mauriz, do Pombas Urbanas, São Paulo; e a pesquisadora Carolina de Camargo Abreu, do Núcleo de Antropologia, Performance e Drama (Napedra) da USP.
Para Carolina, o teatro ajuda a educar e formar cidadãos de forma lúdica. “Engaja corpo, imaginação e pensamento crítico numa pedagogia que se realiza por encontros. Teatro não é exercício apenas intelectual, como o da escola com fileiras de carteiras”, avalia. Ela explica que, nas periferias — carentes de equipamentos públicos e eventos –, o teatro é o exercício de outros mundos possíveis. “Abre arena que desloca o centro, instaura a possibilidade de centralidades que não seja a do poder, do dinheiro, do trabalho, mas do conhecimento dos viajantes, da sabedoria do antigo, da comunidade de pertencimento, do riso subversivo”, diz.
Mauriz, do Pombas Urbanas, conta que, desde o início do coletivo, ele se viu envolvido em um processo de formação em que cada um tinha que reconhecer capacidades e potencialidades e olhar o mundo com senso crítico. Segundo ele, o criador do grupo, o diretor peruano Lino Rojas, sempre priorizou formar uma linguagem de teatro popular. “A questão da rua era muito forte, assim como o encontro público com outros moradores do nosso território. Era importante levar temas que tivessem a ver com as nossas inquietudes como cidadãos e promover esse encontro e diálogo”, conta.
O ator relembra a dificuldade que o grupo teve de se inserir na cidade. “Como um grupo de jovens da periferia, sem ter passado por uma escola, pode entrar na cena teatral querendo se profissionalizar?”, era o que ouviam à época, diz Mauriz. Apesar da dificuldade, o coletivo conquistou espaço nos teatros do centro, mas, após certo período, decidiu voltar às origens e construir o Centro Cultural Arte em Construção, em Cidade Tiradentes. “Lá, começamos esse trabalho de multiplicação da nossa experiência, sempre pensando no jovem como protagonista”.
O ciclo Centralidades Periféricas já promoveu discussões sobre a literatura produzida nas periferias e, mais recentemente, sobre arte urbana. A ideia é aproximar a universidade das periferias, por meio do diálogo entre seus moradores e docentes, técnicos, artistas, intelectuais e ativistas.
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